A exposição do cabelo ao calor excessivo pode resultar em danos estruturais da fibra capilar. Isto não é surpresa quando muitos dispositivos para modelar o cabelo podem atingir temperaturas até 230ºC.
O excesso de modulação por calor numa fibra capilar muda o seu formato natural, sendo irreversível, quando se atinge a temperatura de desnaturação da proteína capilar.
Esticar ou ondular temporariamente o cabelo requer utensílios como um secador, alisador/ferros de esticar, escova eléctrica e apenas dura até à próxima lavagem.
O que acontece quando estico o cabelo?
Para esticar o cabelo, precisas de calor para modelá-lo na forma que desejas.
Estes utensílios quentes desnaturam (quebram) as ligações de queratina das fibras capilares, permitindo assim modelar o cabelo com mais facilidade. Depois disto, quando o teu cabelo baixa a temperatura, vão-se formar novas ligações químicas para que o cabelo continue com a modelação desejada.
Para recuperar a forma original, teremos de voltar a quebrar estas ligações químicas. O cabelo tem de ser molhado para quebrar as novas ligações de hidrogénio da queratina capilar, voltando à sua estrutura química original.
Estas fontes quentes de calor são muito usados em cabelos encaracolados e podem causar dano irreversível no cabelo, ficando com aspecto áspero, seco e com perda da cor e brilho natural. O cabelo pode quebrar facilmente quando penteado, ficar com frizz excessivo e muito embaraçado. Quantos mais frequente e utensílios diferentes usares, mais dano o cabelo vai ter.
Alguns estudos científicos mostram evidência que o calor causa dano/fissuras na cutícula e consequentemente perda de proteína no cabelo, ficando assim mais poroso e desidratado.
Esticar com Cabelo Seco ou Molhado?
Podes ver nestas imagens à esquerda que em cabelo seco, usar utensílios para esticá-lo causa vários tipos de danos químicos e estruturais. No entanto, em cabelo molhado, os mesmos utensílios causam o mesmo tipo de dano químico mas um dano estrutural muito mais elevado, causando modificações irreversíveis nas propriedades físicas do cabelo.
Isto é derivado da evaporação rápida da água do cabelo, como podes ver na imagem, esticar o cabelo seco com ferros de esticar irá fazer menos dano na fibra capilar do que se fizeres o mesmo com o cabelo molhado.
Nestas imagens à direita podes ver também a superfície de uma fibra capilar no microscópio. As imagens comparam o nível de dano no cabelo. A primeira imagem é um cabelo saudável sem algum tipo de tratamento. A segunda imagem é um cabelo que apenas usou champô e secou o cabelo ao natural. Na terceira imagem o cabelo foi lavado com champô e secado com um secador por 60 segundos a uma distância de 15 cm. Na quarta imagem o cabelo foi lavado com champô e secado com um secador por 30 segundos a uma distância de 10cm. Na última imagem o cabelo foi lavado com champô e secado por 15 segundos a uma distância de 5 centímetros.
Estas fissuras ocorrem por causa da rápida mudança de molhado para seco.
Como podes avaliar, secar o cabelo com o secador muito próximo da raiz faz estragos enormes na fibra capilar. Como sabes, isto é algo que acontece sempre que vamos ao cabeleireiro: secar com temperaturas elevadas e próximo do cabelo, de forma a secarem-nos o cabelo rápido e com resultados mais ou menos aceitáveis, por isso podes imaginar o dano que isto provoca. O dano é ainda maior se secares o cabelo muito rápido com temperaturas altas.
Há forma de prevenir isto?
Uma máscara condicionadora regular contendo proteína (usada como reconstrução capilar) pode ajudar a curto prazo, mas a longo prazo, a única forma de remover o dano por excesso de calor é cortando as pontas estragadas ou fazer transição.
Não existe melhor forma de prevenir estes danos térmicos, mas alguns estudos sugerem que usar um secador/difusor a uma distância de 15cm com movimentos contínuos na temperatura mais baixa, causa menos dano. Podes também optar por utilizar produtos protectores de calor no cabelo, mas cuidado, porque muitos destes produtos confiam em Silicones para chegar a este objectivo.
Imagens e Informação dos artigos científicos:
Christian, P., Winsey, N., Whatmough, M. and Cornwell, P. (2010). The effects of water on heat-styling damage. [PDF] JOURNAL OF COSMETIC SCIENCE, Manchester, UK.
Yoonhee, L., Kim, Y., Hye-Jin, H., Pi, L., Jin, X. and Lee, W. (2011). Hair Shaft Damage from Heat and Drying Time of Hair Dryer. [PDF] http://dx.doi.org/10.5021/ad.2011.23.4.455, Daejeon, Korea.