Dúvidas Extra: Método Curly Girl e Cronograma Capilar

O MÉTODO CURLY GIRL E A CIÊNCIA

 

 

Desafiei a Marta Ferreira, do Blog A Pele que Habito, a escrever comigo artigos sobre o Cronograma Capilar e o Método Curly Girl analisados aos olhos da ciência, numa série de 4 publicações.

O primeiro artigo desta série podem encontrar aqui, o segundo aqui, o terceiro aqui e o quarto aqui.

 

 

 

A finalização do cabelo pode ser feita com condicionador ou apenas com cremes finalizadores?  

Ambos estes produtos têm como função facilitar o ato de pentear o cabelo, através da lubrificação da sua haste e podem deixar algum resíduo no cabelo quando usados.

Em termos de composição, estes produtos são aparentemente semelhantes.

É necessário, no entanto cautela ao usar o condicionador para finalizar o cabelo devido a existir a possibilidade de ter ingredientes conservantes em determinadas quantidades que não são permitidos pela EU em produtos de não enxaguamento (como é o caso do methylchloroisothiazolinone e methylisothiazolinone) por poderem conter uma maior concentração destes ingredientes e poder levar a alergia por contato. No caso dos cremes para pentear que não são enxaguados, a concentração de ingredientes que pode deixar resíduo sobre o cabelo será um pouco mais reduzida e serão aptos para serem deixados no cabelo visto que são formulados para este propósito. (1)

 

Que ingredientes protegem o cabelo dos raios Ultra Violeta?

Para o verão, em altura de maior exposição solar, utilizar um produto com proteção UV deverá ser útil para evitar que o cabelo tenha danos pelos raios solares – o sol aumenta a porosidade do cabelo e pode até modificar a coloração natural.

Os ingredientes mais comuns em produtos capilares serão: Octylmethoxycinnamate  (ethylhexyl methoxycinnamate ou octinoxate), Cinnamidopropyltrimonium chloride, Benzophenone-3, Benzophone-4 e Quaternium-95.

No entanto, será difícil determinar nestes produtos leave in qual a concentração destes ingredientes, se efetivamente protegem o cabelo completamente dos raios UV e se irão estar igualmente espalhados pelo cabelo dependo da quantidade colocada, já que o conceito de fator de proteção solar não se aplica ao cabelo. É necessário ter em atenção que apesar do creme proteger dos raios solares, isso não significa que o cabelo não fique com um aspeto seco por desidratação pelo calor.

Uma boa forma de proteger o cabelo dos raios será usar um chapéu com um tecido mais denso que consiga tapar grande parte da luz solar.

 

Humectantes/Anti Humectantes no cabelo em dias húmidos – Glicerina e outros humectantes em cremes finalizadores em dias de chuva e humidade causam mais frizz?

Antes de mais, é importante esclarecer que o conceito “anti-humectante” não existe. Este termo é por vezes usado para se referir a ingredientes emolientes e oclusivos, visto que estes limitam a permeabilidade do cabelo à água, mas estes ingredientes não só não impedem a humectação, como melhoram também a sua durabilidade. Humectante significa que atrai água, no entanto, esta categoria pode envolver imensas categorias de ingredientes, incluindo sais, glicerina, extratos de plantas, ácido hialurónico, proteínas hidrolisadas, sodium PCA, ácido láctico, ureia, e outros ingredientes, mas nem todos são iguais, e podem comportar-se de forma diferente no cabelo. (2)

Por outro lado, e uma vez que os humectantes são muito solúveis em água, não é claro que estes ingredientes tentam uma grande eficácia em produtos enxaguados, visto que uma grande parte poderá ser eliminada durante o enxaguamento.

Relativamente a cremes leave in, é impossível retirar este tipo de conclusão generalista: ninguém sabe que percentagem há num produto, mesmo através da leitura da lista de ingredientes.

 

Porque é que um produto de cabeleireiro é mais caro que o de supermercado?

parabensA nível de ingredientes o preço não deverá ser muito diferente, visto que os fornecedores de matérias primas são os mesmos para todas as empresas. E embora possam existir preços um pouco mais baixos para quem compra em grandes quantidades, mas não poderá existir uma glicerina melhor que a outra, por exemplo. A glicerina é exatamente a mesma molécula independentemente da origem, e a pureza é semelhante em todos os fornecedores.

Tal e qual como medicamentos de marca branca e os de marca comercial – o Paracetamol do Benuron tem que ser igual a qualquer outro que contenha Paracetamol.

As marcas pagam também pelo extra da formulação: a embalagem, o rótulo, o marketing, o nível da prateleira de supermercado, onde vendem e se apenas querem ser vendidos nos cabeleireiros e farmácias, etc. Isto aumenta logicamente o preço do produto. Por outro lado, algumas marcas mais caras podem ter patentes exclusivas que encarecem os produtos. Contudo, o facto de existir uma patente não significa que o produto que a contenha seja necessariamente melhor. Só significa que existe inovação.

A nível de segurança, qualquer produto formulado tem que cumprir regras de segurança legisladas. Basta pensar que muitas das marcas de supermercado pertencem às mesmas empresas de farmácia ou cabeleireiro, ou seja, podemos perceber que quem formula, produz e controla estes produtos tem uma estrutura bastante sólida e de confiança.

Por exemplo, a L’Oreal é dona de marcas como a Kérastase, Lancôme, Redken, Garnier, etc. Se isto significa que todas as fórmulas destes produtos são semelhantes entre si? Não necessariamente, mas algumas serão praticamente iguais! Uma boa forma de perceber isso passa por ler o rótulo para se ter mais conhecimento do produto que estão para comprar.

 

É possível saber se determinado tensioativo aniónico é mais forte ou não que outro? Quais os ingredientes aniónicos mais e menos agressivos para o couro cabeludo?

Shampoo with SulfatesSim, existem tensioativos aniónicos mais detergentes do que outros.

No entanto, como referimos em publicações anteriores, não é possível determinar se um champô é ou não mais detergente apenas pelos tensioativos que contem. Os champôs são essencialmente uma combinação de tensioativos que servem para dissolver óleos assim como agarrar partículas de sujidade.

Logo, escolher ou recusar produtos pelo simples facto de estes conterem “Sodium Laureth Suphate” não faz sentido, e poderemos estar a pagar mais caro por um produto “Sem Sulfatos” de forma desnecessária.

 

Que ingredientes são protetores de calor no cabelo?

aloe vera cronograma capilarComeça a existir danos na fibra capilar (desnaturação da proteína capilar) a partir dos 100ºC. As temperaturas altas podem causar 3 tipos de danos capilares: decomposição do pigmento do cabelo que leva a uma modificação da sua cor, danos na superfície da fibra capilar que faz com que o cabelo fique áspero e sem brilho natural e enfraquecimento das proteínas do interior do fio, levando a quebra.

Existem 3 teorias para explicar como estes produtos funcionam:

– distribuição uniforme de calor – produtos que deixam uma camada de forma a prevenir contato direto entre o cabelo e o utensílio. Esta camada protetora ajuda a minimizar os efeitos do calor excessivo.

– condução reduzida de calor – qualquer produto que deixa o cabelo mais maleável pode referir que protege do calor, porque se os ferros de alisar deslizam mais facilmente e rapidamente pelo cabelo, existe menos probabilidade de danos – este efeito pode reduzir a temperatura alta momentaneamente e diminuir os danos.

– prevenção de oxidação – pelo menos um estudo sugere que a decomposição térmica da proteína capilar é causada por uma ação de oxidação redução. (3)

Existem centenas de produtos que alegam proteger o cabelo das ações térmicas, dos estudados, a literatura fala no PVP/DMAPA acrylates copolymer, Hydrolyzed Wheat Protein e Quaternium 70 que tiveram bons resultados no cabelo em cremes leave in e quando listados no topo da lista de ingredientes. (4)

No entanto, é necessário perceber que um produto é formado por um conjunto de ingredientes numa fórmula e não por apenas um, sendo que será muito improvável de igual forma de prever a quantidade destes ingredientes nos produtos e da sua eficácia, visto não existir legislação para este tipo de produtos.

 

É possível existir “excesso de proteína” do cabelo derivados dos produtos/máscaras capilares e levar a quebra?

As proteínas hidrolisadas que tenham um peso de 1000 Daltons ou menos são aquelas que melhor se ligam ao cabelo. Mais pequenas que 500 Daltons conseguem penetrar o cabelo. (5)

Apesar disto, a queratina do cabelo é irreparável quando falamos da sua forma e propriedades de proteção capilar, e o uso de aminoácidos em produtos capilares não substituem ou restauram qualquer estrutura molecular danificada. Até porque o dano não consiste só na perda de moléculas, mas sim de escamas inteiras da cutícula capilar.

As proteínas no fundo são ingredientes condicionadores que ajudam a reduzir a fricção e o frizz e podem ajudar a melhorar o aspeto geral do cabelo.

Proteínas maiores funcionam mais como ingredientes que vão depositar no cabelo, que no cabelo mais poroso irá preencher as falhas e melhorar a sua superfície. Este tipo de proteína vai ajudar a atrair hidratação para o cabelo e isto ajuda a que ele não quebre tão facilmente.

Na internet existe a referência de que não se deve usar produtos com proteína muito frequentemente porque poderão levar a quebra do mesmo.

Pensa-se que este mito surgiu da comunidade afro americana, que ao fazer relaxamentos obtinham um cabelo mais poroso e ao usar estes produtos com grande quantidade de emolientes fazia o cabelo ficar “teso” e quebradiço. Daí que começaram a ser formulados produtos específicos para pessoas após certos procedimentos químicos no cabelo. (6)

Proteína hidrolisada pode ter várias funções, como formar uma película em volta do cabelo e mesmo reduzir a perda de hidratação no cabelo. (7)

Por esta razão, não há qualquer fundamento que justifique a quebra de cabelo devido a excesso de proteína.

 

Existem produtos mais “pesados” em termos de consistência do que outros, conseguimos perceber isso olhando para a composição antes de o comprar?

Silicones in HairPoderá ser benéfico reparar se a lista de ingredientes tem grande ou pouca quantidade dos ingredientes que podem causar acumulação no cabelo: silicones, óleos minerais e vegetais, manteigas, ceras e tensioativos catiónicos. Normalmente os ingredientes estão por ordem de quantidade (maior para menor quantidade) e isto poderá dar uma indicação de quanto resíduo o produto pode deixar sobre o cabelo, mas tal como vimos não pode ser encarado de forma alguma como garantia, já que o acabamento do produto depende da interação entre todos estes ingredientes com a restante formulação, e não da sua presença.

Assim, será mais interessante qual o tipo de cabelo a que o produto se destina, qual a sua textura (cremes tendem a ser mais pesados do que sprays, por exemplo) e qual o acabamento que a marca propõe (efeito molhado, leve, texturizante, etc.).

 

Posso fazer Co Wash exclusivamente?

O Co Wash pode ser interessante para quem lava o cabelo diariamente por exemplo, mas deverá alternar-se com um champô com uma ação mais detergente para limpar o cabelo a fundo da possível acumulação de resíduos. A maioria dos champôs são aniónicos enquanto que os condicionadores são altamente catiónicos e vão por isso ser atraídos para as partes mais estragadas do cabelo (que têm carga mais negativa por perderem ligações dissulfeto). Por isso mesmo, os condicionadores não são bons a agarrar sujidade, células mortas e oleosidade no couro cabeludo e cabelo. O condicionador foi formulado para deixar resíduo no cabelo, mesmo que seja feita uma boa massagem no couro cabeludo: deixa sempre algum resíduo.

Se usado todos os dias, poderá chegar o dia em que começará a acumular demasiados resíduos no couro cabeludo, no cabelo e a ficar “pesado”, sem caracóis naturais. Também poderá atrair mais sujidade do ar. Uma lavagem frequente com condicionador poderá levar a caspa e outros tipos de inflamação no couro cabeludo.

Neste sentido, a lavagem exclusiva com Co Wash não é recomendada para quem tem couro cabeludo normal ou oleoso, lava o cabelo com pouca frequência, ou usa produtos finalizadores sem enxaguamento após a lavagem.

 

Excesso de uso de Sulfatos realmente faz danos?

hair heat damageExistem alguns estudos referem que se usado champôs com uma ação muito detergente frequentemente numa rotina que poderão levar a que o cabelo fique mais seco e com irritação no couro cabeludo. (8)

Se um champô contiver sulfatos, mas se estes estiverem presentes numa concentração reduzida ou se o produto tiver também vários óleos, tensioativos não iónicos ou até alguns silicones; é provável que esse produto tenha uma ação lavante suave. E na verdade, só saberemos isto experimentando, e verificando como fica o cabelo após a lavagem, ou pela quantidade de espuma que este possa fazer (que pode, no entanto, ser uma experiência também enganadora, uma vez que há ingredientes que aumentam a formação de espuma sem conferir mais divergência ao produto). (9)

 

Faço No Poo/Low Poo – Devo usar um champô com Sulfatos?

lavagem finalO facto de o champô conter sulfatos ou não pouco diz acerca da sua ação lavante ou se é muito agressivo ou não para o cabelo. Neste sentido, a procura de tensioativos SULFATE fornece apenas uma indicação, e nem sempre nos permite verificar se esse produto é adequando. É assim mais pertinente ler o rótulo do produto, por forma a perceber a que tipo de couro cabeludo esse champô traz mais benefícios.

Esta opção também difere da rotina da pessoa em questão: se tem tendência a fazer lavagens capilares diariamente, então o melhor para a saúde da haste capilar será usar um champô de baixa ação detergente, sendo indicado para couro cabeludo seco (os denominados low poo) ou então experimentar o no poo/co wash. Caso o couro cabeludo seja oleoso, o uso de champô tradicional ou low poo terá mesmo que ser frequente. Se a rotina deste tipo de cabelo passar por ficar muito tempo sem ser lavado, o melhor será usar-se sempre low poo entre as lavagens e usar-se sulfatos esporadicamente, para remover toda a possível acumulação de produto que poderá surgir com o uso de cremes finalizadores.

No final do dia, a decisão irá sempre ser da pessoa e do que ela acha pertinente adicionar à sua rotina capilar, mas não, os sulfatos não são o inimigo se bem usados!

 

Explica a diferença entre Silicones solúveis e não solúveis e se os solúveis deveriam ser compatíveis no método.  

No mundo do cabelo encaracolado fala-se maioritariamente na diferença entre silicones solúveis e não solúveis.

Os silicones fluídos (insolúveis) podem deixar resíduo no cabelo, sendo que a quantidade de resíduo depositada dependerá não só do tipo de silicone, mas também da concentração em que este se encontra e do resto da formulação.

Os silicones solúveis em água (tais como silicones que contenham os prefixos peg, pg- e ppg e ceras como emulsifying wax, emulsifying wax nf, peg 8 beeswax, peg-75 lanolin e peg-8 beeswax), não quer dizer que saiam com a água, mas sim que se dissolvem na mesma e podem também deixar o cabelo com algum resíduo, já que é essa a sua função. Os compostos de amónio quaternário (polyquaternium-X, bentrimonium chloride por exemplo), são solúveis em água mas sendo capazes de estabelecer ligações com a cutícula do cabelo não serão enxaguados (e ainda bem!).

Alguns silicones que evaporam são por exemplo o Cyclomethicone, Cyclomethiconal, Cyclopentasiloxane e Hexamethyldisiloxane.

Uma vez mais, estes ingredientes estão presentes nos produtos para facilitar o penteado, reduzir o frizz ou tornar o cabelo mais suave; pelo que o produto que os contém deverá ser escolhido de acordo com o estado da haste capilar, adaptando a quantidade de produto aplicada e os produtos utilizados na lavagem ao estado do cabelo.

 

Os Silicones solúveis podem acumular no cabelo?

Depende – mas é necessário ter em atenção que os silicones não estão sozinhos numa formulação – eles estão acompanhados por outros ingredientes nos produtos capilares e esses ingredientes podem até acumular mais que os silicones em si – o problema da fórmula acumular no cabelo pode não ser por culpa dos silicones, mas sim de todos os ingredientes daquela fórmula.

Os Silicones são mais complexos do que o que parecem. Existem por exemplos alguns silicones que após enxaguar o cabelo não deixam resíduo, como os voláteis, e depois existem outros silicones que são mais pesados em peso e deixam resíduo no cabelo, como por exemplo o dimethicone. Estes vão lubrificar o cabelo e ajudar no frizz.

 

No Método Curly Girl evita-se qualquer produto com um determinado ingrediente, mas um produto com silicones no início da lista de ingredientes e outro no fim pode-se dizer que tem o mesmo efeito?

Podem ou não ter o mesmo efeito dependendo do conjunto dos ingredientes da formulação. Comparando dois produtos em que o silicone está no início da lista e outro no fim, indica que o primeiro produto tem mais quantidade de silicones que o último na teoria, mas, no entanto, é impossível saber as verdadeiras concentrações de cada ingrediente da fórmula. O primeiro produto pode ter silicone em primeiro na lista e acumular menos resíduo no cabelo do que o segundo por exemplo, irá depender tudo do conjunto da fórmula em questão.

 

Há quem refira que os silicones não saem nunca do cabelo, sendo necessário existir uma transição capilar, verdade?

A palavra silicones denomina uma classe de moléculas muito diversa, e que por isso não nos permite fazer generalizações. Alguns silicones não têm capacidade química de se ligar permanentemente ao cabelo, mas outros são modificados especificamente para este propósito, como o Amodimethicone. Alguns deverão sair com um champô, outros não, e outros poderão ser eliminados ao longo de várias lavagens.

 

Uma massagem mais vigorosa com condicionador (Co Wash) vai limpar de tal forma que não seja necessário utilizar champô?

oily hairO Co Wash/No Poo não consegue substituir o champô porque não possuí micelas suficientes para fazer espuma e retirar a sujidade do cabelo. A maioria dos praticantes desta técnica sente necessidade de alternar com um champô com tensioativos aniónicos (que faça espuma) para remover o excesso de resíduos e sujidade. A massagem pode ajudar a retirar resíduo do cabelo, e é muito importante para que o Co Wash tenha alguma eficácia, bem como para evitar que se acumulem resíduos do próprio produto. No entanto, esta massagem por si só não substituí tensioativos que limpam o couro cabeludo com mais eficácia.

 

Estará correto esta distinção por parte das pessoas de produtos pelos seus ingredientes?

Será que se fosse fácil saber exatamente qual a performance de um produto através da análise da lista de ingredientes haveria tantos métodos para um mesmo propósito? De que forma é que um leigo pode compreender uma formulação de um produto cosmético, tendo em conta que o glossário de ingredientes da Comissão Europeia contém 26491 entradas? De que forma podemos fazer este tipo de previsão sem conhecer o modo de fabrico, concentrações certas, existência ou não de encapsulação de ingredientes, entre outras características que determinam a performance de um produto cosmético? E acima de tudo, como o que é que lista de ingredientes me diz acerca do comportamento daquele produto no MEU cabelo? Ambos os métodos guiam as pessoas para escolher produtos mais adequados ao seu tipo de cabelo e couro cabeludo, no entanto, esta escolha por ingredientes não contempla nenhum destes fatores, e existem ingredientes cuja preponderância que cada um destes métodos dão não é assim tão relevante, como já mencionados neste artigo e neste artigo. (links) (10)

 

Diferença entre condicionador e produto Co Wash.

Ambos estes produtos têm ingredientes muito semelhantes quando observadas as composições das fórmulas, no entanto, o produto que refere ser co wash poderá ter uma maior quantidade de tensioativos catiónicos (ou outros) comparativamente ao condicionador tradicional para conseguir fazer uma limpeza mais suave e eficaz, e deixar menos depósito de resíduo no couro cabeludo.

 

A pressão da água no chuveiro pode alisar os caracóis?

Quando o cabelo fica molhado, as únicas ligações químicas no cabelo que são quebradas são as iónicas, de hidrogénio e Van der Walls. Para o cabelo ficar liso permanentemente teriam que se quebrar as ligações de dissulfeto (covalentes) para este perder a sua forma original e tal só é possível com procedimentos que alterem estas ligações químicas como alisamentos por exemplo.

Se notar uma raiz mais lisa ou menos definição na raiz, poderá experimentar diferentes técnicas de finalização (fitagem, amassar o cabelo, dedoliss, etc) para tentar estimular a definição dos caracóis nessa zona.

 

Escovas podem alisar os caracóis?

escovas cachosO cabelo tem vários tipos de ligação química: covalentes (de dissulfeto), iónicas, hidrogénio e de Van der Walls. Quando o cabelo está molhado, quebram-se a maioria destas ligações à excepção das covalentes, que só são quebradas quando o cabelo é submetido a algum procedimento químico como um alisamento ou descoloração. Para uma escova alisar permanentemente o cabelo, teria que quebrar estas ligações covalentes, o que não acontece. A escova quebra ligações que quando o cabelo volta a ser molhado, estas ligações voltam à sua posição original, tal como esticar o cabelo com secador. O ato de escovar o cabelo encaracolado quando seco deve ser evitado porque levará a quebra devido à sua curvatura natural e fricção entre o cabelo e o pente/escova que aumenta a eletricidade estática, e por isso quanto menos o fizermos melhor. O cabelo deve ser penteado quando molhado e com condicionador ou máscara de forma a diminuir e quebra ao desembaraçar o cabelo. Outra coisa que pode ajudar é trocar a escova pelo pente (menos cerdas=menos fricção), ou escolher utensílios de dentes mais largos e espaçados.

 


 

Referências

 

  1. Cirs-reach.com. 2020. EU Public Consultation On Methylisothiazolinone (MI) Ban For Leave-On Cosmetic Products Launched – News And Articles – Chemical Inspection And Regulation Service | Enabling Chemical Compliance For A Safer World | CIRS. [online] Available at: <http://www.cirs-reach.com/news-and-articles/eu-public-consultation-on-methylisothiazolinone-mi-ban-for-leave-on-cosmetic-products-launched.html> [Accessed 2 June 2020].

 

  1. Winter, R., 2009. A Consumer’s Dictionary Of Cosmetic Ingredients. New York: Three Rivers Press.

 

  1. L Mc Mullen, R. and Jachowicz, J., 1998. Journal of cosmetic science, [online] (49(4):245-256). Available at: <https://www.researchgate.net/publication/289528396_Thermal_degradation_of_hair_II_Effect_of_selected_polymers_and_surfactants> [Accessed 2 June 2020].

 

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  1. Schueller, R., 2020. Can Hair Really Be Sensitive To Protein? Episode 139. [online] Thebeautybrains.com. Available at: <https://thebeautybrains.com/2016/06/can-hair-really-be-sensitive-to-protein-episode-139/> [Accessed 2 June 2020].

 

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